Interpretando Padre Mello, nos primórdios de Bom Jesus do Itabapoana - capítulo 9
Além das contradições já elencadas nos artigos anteriores, Padre Mello cometeu erros primários em alguns de seus artigos, e o equívoco central de sua pesquisa foi separar a história de Bom Jesus do Itabapoana dos seus distritos, pois desde os primórdios, que todos os atuais distritos estiveram no mesmo contexto histórico da sede do município.
Começando pelos erros primários, na pagina 46 do livro "Padre Mello, prosa e verso" ele afirma que o Tenente Francisco das Chagas de Oliveira França havia construído a capela de Santa Rita, e nela se casou em 1852 com Maria Magdalena de Figueiredo, filha do Alferes Francisco da Silva Pinto, sendo que a verdadeira esposa do Tenente Chagas era a senhora Maria Francisca de Paula Souza, e isso ao menos até 1874, pois no livro "Bom Jesus do Itabapoana", de Francisco Camargo, é mencionado o casal Tenente Chagas e Maria Francisca de Paula Souza como protagonistas no trabalho voluntário em auxílio as vítimas da epidemia de varíola ocorrida naquele período.
Maria Magdalena de Figueiredo, filha do Alferes Silva Pinto, casou-se em 1852 de fato, só que com Carlos Rodrigues Firmo e juntos tiveram entre seus filhos, Maria Rodrigues Firmo de Figueiredo, a primeira pessoa a ser batizada em Bom Jesus do Itabapoana em 1855, e Carlos Rodrigues de Figueiredo Firmo, que é o notório Carlos Firmo que está eternizado em duas ruas nas duas Bom Jesus, e ainda tem seu nome batizado no estádio do Ordem e Progresso F. C., o Estádio Carlos Firmo.Outro erro primário encontrado nos escritos de Padre Mello, que na verdade são dois erros, se dá ao sobrenome dado ao fundador da Fazenda Barra do Sacramento, sendo que na página 46 ele denomina como "João Ignácio da Costa", e na página 57 como "João Ignácio da Silva", sendo que o nome correto é João Ignácio da SILVEIRA, irmão de Antônio Ignácio da Silveira, salvo engano, um desses dois vem a ser pai de Boanerges da Silveira, e avô dos governadores Roberto e Badger Silveira.
Sem dúvidas, que o maior equívoco de Padre Mello ao pretender construir a história do surgimento de Bom Jesus do Itabapoana, foi isolar a sede do município dos demais distritos, visto que foram os desbravadores dos distritos que fundaram o patrimônio do Senhor Bom Jesus dos Mathosinhos, sendo outro erro de Padre Mello foi não ter econtrado os registros sobre a devoção ao "Bom Jesus dos Mathosinhos", fato que acabou por ser sonegado de toda sociedade até 2022.
Como havia dito, Padre Mello não nos deu nossa história pronta e compilada, ele nos ofereceu valiosos subsídios que juntos com as demais fontes historiográficas que temos hoje, podemos construir o enredo o mais próximo possível do que realmente ocorreu a partir de 1822, quando os dois primeiros desbravadores pisaram em solo bom-jesuense, chegando pelo Vale do Pirapetinga, hoje Pirapetinga de Bom Jesus do Itabapoana.
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