O primeiro mapa, da rota entre Minas Gerais e o Vale do Itabapoana, no século XIX
Os primeiros desbravadores do Vale do Itabapoana, o Alferes Francisco da Silva Pinto e os irmãos Dutra Nicácio, chegaram pelo Vale do Pirapetinga, região que atualmente abrange Pirapetinga-BJI e Arraial Novo de Calheiros-BJI, vindo pelo Vale do Carangola que passava por uma região atualmente pertencente a Natividade-RJ, entre Bom Jesus do Querendo e Ourânia.
De Minas Gerais, os pioneiros da ocupação do solo de nossa região vieram de Barbacena e Ouro Preto, passando pela rota que abrangia diversos arraiais, dentre eles Ribeirão do Pomba, Rio Novo e São João do Nepomuceno, e neste último temos uma página na internet que nos contempla com valiosas informações que se relacionam com nossa história, o blog "São João do Nepomuceno, duzentos anos de história" de Luís Pontes, republica o noticiário político do então arraial com registros desde 1845.
Nesta abordagem temos a notícia do primeiro mapa entre São João do Nepomuceno ao Vale do Itabapoana elaborado no início da da década de 1820, podendo ser um fator que confirme a chegada do Alferes Francisco da Silva Pinto e o Guarda-mor Fernando Antônio Dutra Nicácio em 1822, sendo que erroneamente eles trocam o nome Itabapoana por Paraíba, pois nossa região nesta época pertencia a freguesia de Campos dos Goytacazes, e o rio Itabapoana ainda não havia sido explorado na região do vale.
Na próxima abodagem sobre as relações de São João do Nepomuceno com o Vale do Itabapoana, teremos subsídios que podem confirmar que os irmãos Dutra Nicácio tinham esta região como uma espécie de refúgio ou esconderijo político, em face da sperseguições sofridas pelos conservadores da província de Minas Gerais.
No ano de 1847, publicou-se em Ouro Preto, então capital da Província de Minas Gerais, um relatório de autoria do Tenente João José da Silva Teodoro. Este havia sido encarregado dois anos antes, pelo Presidente (governador) da província mineira, Dr. Quintiliano José da Silva, de “levantar o mapa topográfico dos municípios do Presídio [de S. João Batista, atual Visconde do Rio Branco], Pomba e S. João Nepomuceno, e de verificar as divisas entre a dita Província, e as do Rio de Janeiro e Espírito Santo pelo lado de Campos e Itapemirim”.
Sobre esse extenso trabalho, cabem as seguintes observações:
(1) Trata-se de um minucioso mapa de boa parte da Zona da Mata mineira, feito numa época em que esta ainda se encontrava num estado relativamente recente de colonização. Por isso, o mapa do Tenente Teodoro é de enorme importância para a compreensão da história e geografia antigas de S. João Nepomuceno e região, apesar de suas ocasionais (e compreensíveis) imprecisões, dadas as grandes limitações técnicas daquela época.
(2) Esse mapa foi confeccionado por determinação do governo de Minas Gerais, o qual, nessa mesma ocasião, encontrava-se numa disputa de terras com a província do Rio de Janeiro. Dessa forma, havia também, no relatório, um compreensível desejo, por parte do seu autor, de descrever a situação do ponto de vista dos interesses mineiros, ou seja, alegando que as terras disputadas entre as duas províncias, na verdade pertenceriam a Minas Gerais.
(3) Deixando à parte as ricas informações do mapa propriamente dito, o relatório do Tenente Teodoro também contém, de modo quase casual, preciosas notícias acerca de fatos e eventos presenciados por aquele militar durante a sua diligência por nossas paragens. Dessa forma, há relatos acerca das disputas entre as duas províncias, com a atuação de determinados agentes a favor das pretensões do Rio de Janeiro, como foi o caso da própria família Dutra de S. João Nepomuceno. E o motivo disso era que os Dutra, então fugindo de uma perseguição política após o fracasso da Revolução Mineira de 1842, desejavam que suas terras fossem consideradas como pertencentes ao Rio de Janeiro, pois assim ficariam a salvo da influência do governo mineiro.
Outro precioso testemunho encontrado nesse relatório foi acerca dos poucos índios que ainda restavam nesta região, e do lastimável estado em que eles se encontravam, vítimas do alcoolismo, da perda de suas terras e de sua própria identidade.
Trecho de um mapa parcial da Zona da Mata mineira (SJN inclusive) elaborado pelo Tenente João José da Silva Teodoro e publicado em Ouro Preto em 1847 (já apresentado nesta coluna, e agora mostrado novamente nesta sequência cronológica). Aqui fizemos algumas simplificações e introduzimos legendas para destacar certos pontos de maior interesse, conforme a seguinte convenção: (1) Distrito são-joanense de Nossa Senhora da Conceição do Rio Novo
(23) estrada “nova” para o Rio de Janeiro, concluída no início da década de 1820 (com uma seta próxima indicando a direção do rio Paraíba)
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