De 43 construções históricas do Centro de Bom Jesus do Itabapoana, só uma está perservada por lei

Somente o Cine-teatro Monte Líbano está protegido por tombamento provisório, decretado em 2003 no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Cultural do Rio de Janeiro (INEPHAC-RJ), os demais 42 imóveis são preservados pelos próprios proprietários.

O Portal Itabapoana apresenta um levantamento sobre construções históricas, que permanecem preservadas na região central de Bom Jesus do Itabapoana, a maioria está preservada parcialmente e algumas quase que totalmente. O critério adotado por este aspirante a memorialista para identificar a relevância historica da construção, consiste ao menos em manter detalhes marcantes da fachada original do imóvel, o personagem que ergueu, e que todos eles, tenham sido construídos até 1950.

Foram registrados quarenta e dois imóveis em dezesete logradouros públicos, nas ruas José Mansur, Aristides Figueiredo, Benedito Santos, José Bastos Borges, Buarque de Nazareth, Expedicionário Paulo Moreira, Tenente José Teixeira, República do Líbano, Carlos Firmo, Gonçalves da Silva, Silva Pinto, 15 de Novembro, nas avenidas Padre Mello e Fassbender, e nas praças Governador Portela e Amaral Peixoto. Desses que registrei, muitos não constam a data que foram construídos, mas pelas características e a localização, atesta-se que são anteriores a 1950.

Praticamente todos os imóveis estão em funcionamento, seja residencial, comercial, espiritual ou cultural, e por incrível que pareça, o único que se encontra em desuso e em estado de abandono, é o que está tombado por lei, o prédio do Cine-teatro Monte Líbano, diferente do palacete do sr. Merhige Saad que apesar que não ter ninguém residindo nele, o mesmo está sempre sob cuidados de um zelador providenciado pela família, salientando que os herdeiros do sr. Merhige têm vindo cada vez menos em Bom Jesus.

De todo conjunto de construções históricas aqui levantado, somente um imóvel foi erguido no século XIX, um casarão pintado de vermelho na praça Governador Portela datado em 1896, já a Matriz do Senhor Bom Jesus apesar de constar o ano de 1881 como inaugural, desta época não resta mais absolutamente nada, a não ser alguma estrutura de fundação no subsolo. Atualmente a Matriz tem seu traço mais antigo na torre do Senhor Bom Jesus, erguida em 1924, e torre mais baixa em 1930, as antigas capelas laterais da década de 1950, e todo restante entre 1973 e 1982.

Outro imóvel que está registrado como se fosse erguido no século XIX é o Big Hotel, onde no seu interior consta uma placa informativa datando a construção do mesmo em 1875, ocorre que, o casarão do Tenente José Teixeira é que foi erguido nesta data, e este foi completamente demolido para dar lugar a estutura atual, que foi construída por volta de 1925, e que ja sofreu marcante descaracterização.

Falar sobre política pública de preservação patrimonial em uma cidade pequena como Bom Jesus do Itabapoana, não é assunto de "alienígena", pois temos em nosso contexto regional dois exemplos inspiradores, Muqui-ES que detém mais da metade de todo patrimônio histórico tombado de todo estado do Espírito Santo, com 160 imóveis tombados no centro histórico do municíoio. Na região noroeste fluminense temos Miracema como a quarta cidade com o maior número de imóveis históricos preservados em todo estado do Rio de Janeiro, ficando atrás somente da capital Rio de Janeiro, Petrópolis e Paraty, portanto, podemos muito bem seguir esses dois exemplos que estão a menos de 100 km de distância de Bom Jesus do Itabapoana.

Sinceramente, o conselho municipal de preservação patrimonial se mostra totalmente nulo mediante a um acervo tão relevante, e termos somente um tombamento provisório decretado pelo ESTADO,  e nenhum por lei municipal na sede do município. 

Não estou aqui defendendo que todos os imóveis registrados sejam submetidos a processo de tombamento, mas a maioria desses sem dúvidas se enquadram na legislação. O poder público pode criar incentivos fiscais para os imóveis que são preservados pelos proprietários, como isenção de IPTU.

Abaixo temos a relação de imóveis registrados:

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